Por Fernando Cruvinel
O processo natural de envelhecimento masculino é acompanhado de um lento e progressivo declínio da produção da testosterona. Diferentemente da mulher, que experimenta na menopausa uma queda abrupta da função hormonal e reprodutiva, o homem convive com uma queda anual de 1 a 2% dos níveis séricos do hormônio circulante. Tal processo se inicia e fica mais evidente após os 40 anos de idade.
Quando essa redução de testosterona ocorre de forma mais acentuada e é acompanhada de sinais e sintomas, temos o quadro de deficiência androgênica do envelhecimento masculino (DAEM). Essas alterações podem evoluir de forma sutil e serem confundidas com alterações da vida do homem moderno, como níveis de estresse elevados, sono insuficiente, obesidade, sedentarismo e tabagismo. Além do que outras doenças comuns nessa faixa etária, como diabetes e hipertensão arterial, podem levar a quadro similares.
Diante do contexto em que a idade é um fator de risco independente para a queda de testosterona somado com a proporção cada vez maior de indivíduos mais velhos no nosso país, é fundamental para o correto diagnóstico de DAEM que o homem seja rotineiramente avaliado por um profissional adequado. E para ajudar nessa tarefa, seguem cinco alterações comuns em homens com baixa testosterona:
REDUÇÃO DA LIBIDO
A piora no desejo sexual, ou libido, é um dos sintomas mais característicos de DAEM. A rotina sexual do homem sofre uma notável piora, assim como a motivação, atração sensual e sexual. Baixa libido costuma vir acompanhada de uma piora na qualidade das ereções e uma menor frequência de ereções matinais: aquelas presentes de forma involuntária ao acordar.
CANSAÇO EXCESSIVO
Os sintomas decorrentes do hipoandrogenismo, ou DAEM, não se resumem à esfera sexual. Uma queda na disposição para cumprir com atividades diárias, fadiga e cansaço que vêm mais facilmente podem ser comuns em quem tem a alteração. Isso é justificado pelo papel da testosterona em moderar a produção de energia e metabolismo no organismo masculino.
HUMOR E SONO ABALADOS
A ação no sistema nervoso central da testosterona modula o estado de humor e bem-estar do homem. Resultado disso é o surgimento de tristeza, irritabilidade mais facilmente desencadeada e isolamento social, conjugal e familiar no hipoandrogenismo. Baixos níveis hormonais foram relacionados em estudos com maior prevalência de depressão e até aumento nas taxas de suicídio em homens.
Já o sono pode ficar menos relaxante, mais agitado e menos restaurador. A insônia é mais encontrada nos homens com baixa testosterona. Somada a maior frequência de noctúria (ato de acordar para urinar), comum em pacientes com aumento do volume prostático, podem resultar num homem mais cansado e menos motivado durante o dia.
RACIOCÍNIO E CONCENTRAÇÃO ALTERADOS
A concentração e a cognição também são alvos de ação da testosterona no sistema nervoso central. Homens com DAEM sentem dificuldades em executar tarefas rotineiras no trabalho. A memória, sobretudo para eventos recentes, não é mais a mesma. A concentração acompanha esse declínio e a atenção fica comprometida.
ALTERAÇÕES NO FÍSICO
Além das modificações no sexo e na mente, o corpo também sofre com a baixa testosterona. Destacam-se as seguintes alterações:
– Piora da massa muscular:
Na puberdade o adolescente notadamente ganha mais força muscular. Isso ocorre pelo aumento na produção testicular de testosterona. O pico do hormônio na terceira e quarta décadas de vida coincidem com o auge do ganho muscular. E quando vem o declínio androgênico, há dificuldade em se manter tal padrão corporal.
– Aumento da gordura corporal:
Os músculos perdidos pelo DAEM são transformados em gordura, que se acumula sobretudo na região abdominal. A dificuldade em converter a ingesta alimentar em musculatura estriada faz com que o ganho de peso aconteça pelo acúmulo de gordura.
– Redução na massa óssea:
Estudo realizado com mais de três mil homens acima dos 70 anos revelou níveis inadequados de testosterona com osteopenia, osteoporose, problemas de mobilidade e maior incidência de fraturas ósseas nesses idosos.
– Menos pêlos corporais:
A dinâmica dos pelos no ciclo da vida do homem se dá de forma similar a massa muscular. A baixa de testosterona pode ser associada a calvície e pêlos corporais mais escassos.
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Fernando Cruvinel é Médico Urologista, com formação em Andrologia e Terapia Sexual pela USP e Mestre em Ciências da Saúde pela UFG.
Membro do Departamento de Disfunção Sexual Masculina – ABEMSS
Atua em Goiânia, GO.
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