Dra. Flavia Glina, membro associada à ABEMSS (Associação Brasileira para Estudos em Medicina e Saúde Sexual) aborda esse tema para vocês!
Quando um paciente busca atendimento em um consultório de profissionais de saúde, uma ampla gama de opções de tratamento se apresenta. Nesse sentido, compreender com precisão qual abordagem se adequa melhor a cada indivíduo torna-se uma etapa fundamental. A terapia sexual desponta como uma intervenção terapêutica voltada à otimização da função sexual e ao tratamento de diversas disfunções sexuais, abrangendo questões como disfunção erétil, transtorno do orgasmo feminino, desejo sexual masculino hipoativo, ejaculação precoce, entre outras.
Por outro lado, a terapia de casal se revela como uma intervenção essencial no suporte a pessoas que compartilham um relacionamento, enfrentando desafios de comunicação, resolução de conflitos e habilidades interpessoais. Embora essas dificuldades possam ou não ter vínculo direto com a vida sexual do casal, o foco da terapia de casal não se restringe exclusivamente a esse aspecto.
Surge, então, a terapia sexual de casal, uma abordagem destinada a auxiliar casais a superar obstáculos que comprometem uma vida sexual saudável e gratificante. Embora mantenha uma perspectiva individual em relação à sexualidade de cada parceiro, ela simultaneamente fortalece a intimidade e a ligação emocional entre ambos.
A tomada de decisão quanto ao rumo terapêutico a ser adotado requer uma compreensão profunda do quadro. É importante destacar que nem sempre o indivíduo que procura ajuda é quem está enfrentando diretamente o problema. Frequentemente, a demanda surge por parte do parceiro, o que realça a necessidade de esclarecer de quem parte a queixa e a razão subjacente à busca por auxílio.
Nesse contexto, o processo de anamnese se mostra vital para entender a origem e a natureza da disfunção. Surge a necessidade de discernir se ela tem origem prévia ao relacionamento ou se pode estar sendo influenciada por ele. O mapeamento do histórico e desenvolvimento sexual, bem como das dinâmicas relacionais e das expectativas, emerge como um passo crucial, abrangendo tanto a relação quanto o tratamento proposto.
Após essa fase inicial, torna-se possível optar pela abordagem terapêutica mais apropriada. A terapia sexual individual se destaca nos casos em que a disfunção sexual é primária – ou seja, presente desde o início da vida sexual – ou quando sua manifestação antecede o relacionamento. Ela também se aplica quando a comunicação com o parceiro é inicialmente inviável e quando crenças e preconceitos limitantes ligados à sexualidade individual estão presentes. Cabe ressaltar que, mesmo em sessões individuais, a participação do parceiro pode ocorrer em momentos específicos, mediante acordo com o paciente.
Por sua vez, a terapia sexual de casal demonstra benefícios quando a disfunção sexual emerge durante o relacionamento ou quando interfere nele de maneira substancial. Isso inclui situações em que crenças e preconceitos estão presentes em ambos os parceiros, assim como quando a comunicação é problemática. Nos casos em que a demanda surge do parceiro e/ou em que a disfunção sexual é vista como um desafio individual, o trabalho conjunto pode ser enriquecedor, desmistificando crenças limitadoras e redefinindo o problema como uma questão a ser enfrentada pelo casal.
Em última análise, é imperativo lembrar que cada situação deve ser tratada de maneira única, levando em consideração o contexto e as particularidades de cada paciente. Para decidir qual caminho seguir é importante em primeiro lugar compreender antes de intervir. Nem sempre um indivíduo chega até nós por uma demanda própria. É comum que seja uma demanda da parceria, portanto precisamos entender de quem é a queixa e por qual motivo aquela pessoa buscou auxílio. Em seguida, através da anamnese, buscar perceber como se deu aquela disfunção, se ela é anterior ao relacionamento ou se poder ser eventualmente uma causa ou consequência desse relacionamento. Para isto é importante mapear o histórico e desenvolvimento sexual, as dinâmicas relacionais e as expectativas, tanto em relação ao relacionamento, como em relação ao tratamento.
Após este processo inicial é possível tomar uma decisão de qual intervenção seguir. A terapia sexual individual é interessante nos casos em que a disfunção sexual é primária – desde o início da vida sexual – ou se sua ocorrência é anterior ao relacionamento; quando há, as vezes em um primeiro momento, a impossibilidade de comunicação com a parceria e na presença de crenças e pré conceitos limitantes relacionados à sexualidade individual. Importante apontar que existe a possibilidade, mesmo em um tratamento individual, de ter a presença da parceria em momentos específicos, quando acordado com o paciente. Já a terapia sexual de casal pode ser benéfica quando a disfunção sexual surge a partir e/ou durante o relacionamento; quando a dinâmica relacional se encontra muito prejudicada pela disfunção sexual; na presença de crenças e pré conceitos em ambos; dificuldade na comunicação do casal e nos casos em que a demanda vem da parceria e/ou que a disfunção sexual é encarada como individual o trabalho em conjunto pode ser interessante, de forma a desmistificar crenças limitantes e trazer aquele problema como um problema a ser resolvido pelo casal e não de forma individual.
É sempre importante lembrar que cada caso deve ser pensado de maneira singular, dentro do contexto e das possibilidades de cada paciente!
Psicóloga graduada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Especialista em Sexualidade Humana pela Faculdade de Medicina da USP e membro da ISSM (International Society for Sexual Medicine).
Atua na área de psicologia clínica com foco em sexologia e terapia sexual para adultos e casais. Também oferece atendimentos de psicoterapia individual e terapia de família, na abordagem psicanalítica.
Atualmente, atendimentos apenas ONLINE.
Aulas e cursos ministrados na área de Terapia Sexual e Sexualidade. Conta também com apresentação de trabalhos e aulas ministradas nos últimos congressos da WAS (World Association for Sexual Health) e SLAMS (Sociedade Latino Americana de Medicina Sexual).
Imagens: Freepik
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