Triglicérides e colesterol exercem funções fundamentais no nosso organismo. Eles compõem as paredes das nossas células e são matéria-prima para a fabricação de hormônios como a testosterona. No entanto, o problema surge quando há uma elevação das gorduras (lipídeos) circulantes, pois isso aumenta o risco de formação de placas ateromatosas que podem obstruir vasos sanguíneos em todo o corpo. E o pênis não fica de fora desse processo, já que a ereção depende de um aumento da circulação sanguínea para o interior do órgão sexual.
Esse processo é tão notável na circulação peniana que a disfunção erétil (DE) é atualmente definida como um marcador de risco para eventos coronarianos, tais como angina e infarto agudo do miocárdio. Isso acontece porque as artérias penianas, de menor calibre, podem entupir antes das artérias do coração.
A dislipidemia, caracterizada por níveis elevados de colesterol total e lipoproteína de baixa densidade (LDL), está associada a um risco aumentado de DE. Estudos epidemiológicos e clínicos demonstram que a dislipidemia contribui para a disfunção endotelial, um mecanismo patofisiológico chave na DE.
A disfunção endotelial resulta em uma redução na biodisponibilidade do óxido nítrico (NO), que é essencial para a vasodilatação e a função erétil. O colesterol elevado pode levar à formação de lipoproteínas de baixa densidade oxidadas (oxLDL), que prejudicam a resposta de relaxamento do corpo cavernoso, essencial para a ereção.
Além disso, estudos mostram que homens com níveis elevados de colesterol total (>240 mg/dL) e LDL (>160 mg/dL) têm um risco significativamente maior de desenvolver DE moderada a severa. A hipercolesterolemia também está associada a alterações nas junções célula-a-célula endoteliais, contribuindo para a deterioração da função erétil.
Portanto, o manejo da dislipidemia pode ter um efeito benéfico na DE. Intervenções como o uso de estatinas podem melhorar a função endotelial e, consequentemente, a resposta erétil. No entanto, é importante considerar os potenciais efeitos adversos das terapias hipolipemiantes, como os fibratos e as estatinas, que em alguns casos raros podem estar associados à DE.