🌈 O conceito de binariedade do gênero é uma herança greco-romana ocidental, que determina que pessoas possam ser homens e mulheres na sociedade. Essa convenção faz com que papéis sociais sejam impostos ao gênero e hierarquizados. O discurso feminista dos anos 70 foi um dos responsáveis pela desconstrução do conceito social de homens e mulheres, demonstrando que todas as pessoas podem ser igualadas e que não devem estar subjugadas a um papel específico de gênero (1).
🌈 O não-binarismo parte do pressuposto que como o gênero é uma construção social, logo, ele não define papéis, uma vez que todos esses papéis são convenções sociais. A Comissão dos Direitos Humanos da cidade de Nova York reconhece 31 diferentes nomenclaturas que poderiam ser usadas em âmbito profissional e oficial, em uma medida histórica de reconhecimento à diversidade de gênero (2). A não-binariedade é um termo guarda-chuva que abrange todas as identidades que não se identificam como homens e mulheres, podendo a pessoa se identificar como Agênero, ou seja, quem se identifica com a ausência total de gênero; Neutrois, quem se identifica de forma neutra; Bigênero, quando a pessoa se identifica com ambos os gêneros; Poligênero quando existe uma pluraridade de gêneros vivenciados; Gênero-fluido quando o gênero transita entre os gêneros de forma fluida; Demigênero, quando a pessoa identifica parcialmente com determinado gênero; e Pangênero, quando há uma identidade que se identifica com todos os gêneros conhecidos (3).
🌈 A comunicação com pessoas não binárias pode ser inclusiva de várias formas, embora o nosso idioma não seja o mais neutro dos idiomas. O essencial para que a comunicação ocorra de maneira respeitosa, é identificar quais pronomes e flexões e gênero o interlocutor deseja utilizar. Em português a utilização da linguagem neutra pode recorrer ao uso de epicenos, ou seja, palavras que não identificam masculino e feminino e através dos substantivos sobrecomuns, que podem identificar 2 ou mais gêneros. Outra forma a troca de vogais que identifiquem gênero como “o” ou “a” pelas vogais “u” ou “e”, por exemplo, ele, ela, elu; belo, bela, bele.
Texto por: Dr. Sérgio Okano
1. Dos Reis N, Pinho R. GÊNEROS NÃO-BINÁRIOS: IDENTIDADES, EXPRESSÕES E EDUCAÇÃO. REA. 28 de abril de 2016;24(1):7.
2. Cazal S. Manual de Advocacy, Litigância Estratégica, Controle Social e Accountability LGBTI+. Reis T, organizador. Curitiba, PR: Ibdsex; 2021. (Enciclopédia LGBTI+).
3. Wikipédia -. Gênero não binário. [citado 11 de fevereiro de 2024]. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%AAnero_n%C3%A3o_bin%C3%A1rio